(Foto: Reprodução/Futebol de todos os tempos)

Craque botucatuense Nenê Guanxuma completa 70 anos

O ex-futebolista botucatuense Éderson José Martins, mais conhecido como Nenê Guanxuma, completou 70 anos de idade no último mês. Nascido em Botucatu no dia 9 de outubro de 1952, o atacante é filho do ex-ponta Guanxuma, de quem herdou o apelido. Já no final da carreira, passou a ser chamado de Nenê Martins.

Aos 14 anos, Nenê já participava do campeonato amador de sua cidade, uma competição sem limite de idade, e que por isso incluía muitos ex-jogadores profissionais da Associação Atlética Ferroviária de Botucatu. Destaque nesses campeonatos, Nenê fez testes no Santos, já com quase 15 anos.

Aprovado num primeiro teste, foi convidado a retornar meses depois, quando treinou com o time titular do Peixe, que contava com a lenda Carlos Alberto Torres – lateral-direito que viria a ser o ”capita” da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Inseguro diante de tantos craques, o botucatuense não correspondeu.

Passou, então, pelo XV de Piracicaba, quando o preparador Pedro Pires de Toledo o indicou para Zé Duarte, que era treinador das categorias de base do Guarani de Campinas, onde iniciou sua carreira. Atuando na equipe de juniores, Nenê disputou o campeonato paulista de extra-amadores e subiu para a equipe principal no ano de 1970.

Depois de defender o Bugre Campineiro, Nenê arrumou as malas e partiu para Ribeirão Preto, onde atuou pelo Botafogo, que comprou seu passe por 230 mil cruzeiros. Pelo clube interiorano, o botucatuense formou um ataque arrasador ao lado de João Carlos Motoca, Sócrates e Geraldão, que foi o artilheiro do campeonato paulista daquele ano.

Em seguida, transferiu-se para o Grêmio, onde conciliou seus compromissos profissionais com os estudos no Instituto Porto Alegre, onde graduou-se em Educação Física no ano de 1975. O ponta-esquerda era titular no time gaúcho, que vivia uma época de vacas magras. Tão logo a oposição venceu as eleições no clube, vendeu o craque a preço de banana ao Atlético Paranaense – na época, 250 mil cruzeiros.

O pequeno driblador Nenê (o jogador mede 1,67) rapidamente se tornou febre entre os atleticanos. “Eu vim com a intenção de descer um degrau e subir dois, como aconteceu quando saí do Guarani para o Botafogo. E hoje, embora moço, me considero um jogador maduro, pois disputei regionais em três estados e fui titular do Grêmio em um Campeonato Brasileiro. Acho que posso subir muito mais, pois são poucos os jogadores agressivos na minha posição”, disse à Revista Placar de maio de 1976.

No mundo de altos e baixos que é o futebol, a mesma revista o procurou para saber de sua renovação contratual com o clube paranaense, que estava emperrada na época. À Placar, Nenê disse que não renovará contrato para ganhar apenas sete mil cruzeiros mensais. “Ora, sou profissional, me esforço dentro de campo e tenho consciência do meu valor. Se o Atlético não pode me pagar um salário decente, venda meu passe. Aparecerão muitos interessados”. E assim foi feito.

Entre 1977 e 1979, Nenê jogou pelo Londrina, onde fez parte da memorável equipe que chegou à semifinal do Campeonato Brasileiro de 78. Na ocasião, o “Tubarão” derrotou e deixou para trás equipes como Santos, Corinthians, Flamengo e Vasco da Gama. O ponta-esquerda botucatuense chamou a atenção deste último clube, que o chamou para integrar a equipe do Gigante da Colina, pelo qual atuou em vários jogos durante excursão pelo norte do país.

Na sequência, Nenê acertou transferência para São José dos Campos, onde foi campeão paulista da 2ª Divisão, em 1980, quando sua equipe venceu o Grêmio Catanduvense por 4 a 0, no ginásio do Pacaembu. Sob o comando do técnico Henrique Passos, esta conquista representou o primeiro acesso do São José para o Paulistão.

O título da segunda divisão do Campeonato Paulista, ponto alto da carreira de Nenê Guanxuma (Foto: Reprodução/Almanáguia)

No ano seguinte, dirigida pelo técnico Fidélis, a equipe teve desempenho brilhante e chegou perto de disputar o título do Paulistão de 81, conquistando o direito de disputar a Taça de Ouro em 82. Na ocasião, a equipe joseense mandou equipes tradicionais como Palmeiras e Corinthians para a Taça de Prata, garantindo sua presença entre as principais equipes do país.

A vaga para a Taça de Ouro foi conquistada em 18 de outubro, em pleno estádio Joaquim de Morais Filho, contra o rival Taubaté, após vitória por 1 a 0, gol de Nenê, aos 27 minutos do segundo tempo. Além da Taça de Ouro, a vitória garantiu a vaga do São José para o octogonal decisivo do segundo turno do Paulistão daquele ano.

Não à toa, o botucatuense é considerado um dos maiores ídolos do futebol da Águia, formando no ataque o inesquecível trio Edinho, Tião Marino e Nenê. Foram cinco temporadas no São José (até 1983), tendo jogado 252 partidas e marcado 40 gols, sendo um dos maiores artilheiros da história do clube.

Emprestado pelo São José, Nenê ainda disputou o Campeonato de 1983 pela Ponte Preta de Campinas, arquirrival do clube pelo qual iniciou sua carreira, o Guarani. No ano seguinte, o ponteiro botucatuense jogou pelo Operário de Campo Grande, onde foi campeão estadual e disputou o campeonato brasileiro.

Nenê foi contratado pela Portuguesa de Desportos, onde, dirigido pelo técnico Castilho, marcou dez gols no Brasileirão de 1984. No ano seguinte, Nenê foi para a Ferroviária de Araraquara, onde jogou ao lado de Wilson Carrasco, Marcão e Mauro Pastor, chegando às semifinais do Paulistão. Em 1986, aconteceu a transferência para o Esporte Clube Bahia de Zé Carlos, Bobô e Cláudio Adão, onde foi campeão baiano.

Nenê disputou o campeonato paulista de 1987 pelo Clube Atlético Juventus, quando sofreu uma séria contusão que abreviou sua carreira. Ainda assim, ele permaneceu na ativa por algum tempo, atuando pelo Comercial de Campo Grande e Marília, onde encerrou sua carreira, em 1989.

Após sua aposentadoria, Nenê começou a trabalhar no XV de Novembro de Jaú, onde treinou desde a equipe infantil até a profissional, conquistando a Taça Contubos de Futebol Júnior, disputando com as categorias de base de Grêmio, Vitória, Coritiba e Santos, dentre outros clubes.

Além da formação em educação física, o ex-jogador também especializou-se em “Interação, Nutrição, Exercício Físico e Medicina na Promoção da Saúde” na UNESP de Botucatu. Atualmente, Nenê é professor do curso de educação física na Faculdade Fundação Barra Bonita de Ensino e também atua como comerciante, sendo proprietário de uma loja de trajes para festas.

O ex-jogador também participa do projeto social Associação Cidadão da Bola, fundado em 2012. A entidade desenvolve atividades que promovem o exercício da cidadania, principalmente de atividades físicas, ensino e treinamento de modalidades desportivas, instrumento para o desenvolvimento ético e moral do menor.

Há 70 anos, Éderson José Martins orgulha a cidade de Botucatu – seja em campo, com seus belos dribles e muitos gols; seja fora das quatro linhas, colaborando ativamente com o aperfeiçoamento educacional de crianças e jovens de nossa cidade.

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