(Foto: Mateus Conte/Jornal Audácia)

Banca Brasil-Japão: 20 anos como o principal ponto de troca de figurinhas do álbum da Copa do Mundo

A cada quatro anos, um torneio esportivo contagia os fãs de futebol do mundo inteiro: a Copa do Mundo FIFA. Uma das tradições do campeonato é a coleção do álbum de figurinhas, que perdura desde o primeiro mundial, em 1930, até os dias de hoje.

Na cidade de Botucatu, o principal ponto de troca de figurinhas é a banca de jornal da praça Brasil-Japão, que desde 2002 promove encontros entre os colecionadores. Segundo seu proprietário, Luiz Fernando Pilan, a motivação para a transformação do estabelecimento em ponto de troca foi sua própria paixão pelas figurinhas.

“Como eu sempre gostei de figurinhas, sempre fui colecionador e sempre tive álbum, veio na minha cabeça chamar o pessoal para vir fazer troca de figurinhas, e deu certo. Aqui virou um ponto que todo mundo fala que ‘não adianta abrir outro ponto em outro lugar que não é a mesma coisa que é a praça aqui’. Chega a ter tantas pessoas aqui que você não acha lugar pra estacionar na praça, nos finais de semana”.

A praça lota ao redor da banca nas manhãs de domingo (Foto: Mateus Conte/Jornal Audácia)

Segundo Luiz, o movimento foi crescendo ao longo do tempo. “Em 2002 foi fraquinho, mas em 2006 aumentou bastante e virou ponto de troca até hoje”. Este ano, por sua vez, a movimentação segue dentro da média. “Por incrível que pareça, está mais ou menos igual às Copas de 2014 e 2018. Por causa da pandemia, a gente imaginou que não seria tão grande”, afirma o proprietário.

Além do retorno da pandemia, outro fator que poderia ter afastado os clientes é o aumento dos preços do álbum e dos pacotes de figurinhas, que dobrou desde a última edição do torneio (de R$ 2 para R$ 4). No entanto, isto não foi suficiente para frear a paixão dos torcedores da seleção canarinho.

“As figurinhas estão mais caras, o álbum está mais caro, mas mesmo assim está tendo muita venda, superou as expectativas. Tanto que a Panini [editora que produz o álbum] não está conseguindo entregar para nós os álbuns e figurinhas direto, porque nem eles esperavam esse boom de vendas”, disse Pilan.

O comerciante coleciona álbuns da Copa do Mundo desde 1974, quando o torneio foi sediado na Alemanha Ocidental. “Eu tenho um álbum de 1974, mas está incompleto. De 1978 e 1982 estão completos, de 1986 está incompleto e, a partir disso, praticamente todos estão completos”.

Seleção brasileira no álbum da Copa do Mundo de 1974. Detalhe para o lateral botucatuense Zé Maria, que foi titular naquele torneio.

Nesta edição da Copa do Mundo, a Editora Panini adicionou um ingrediente inédito nos pacotinhos: as figurinhas extras. No total são 80 cromos extras, sendo 20 jogadores no total e cada um com quatro versões: a bordô, a bronze, a prata e a ouro, que indicam a raridade de cada figurinha.

Como o nome diz, é uma figurinha extra: se tiver a sorte de tirá-la, você terá as cinco figurinhas normais de cada pacote mais ela. O “extra sticker” não ocupa o espaço de um cromo normal. Por causa disso, os pacotinhos que contam com uma figurinha extra são mais pesados que os pacotes comuns, o que levou os consumidores a adotarem uma estratégia, no mínimo, inusitada.

O vídeo ensinando o “jeitinho brasileiro” viralizou nas redes sociais: dois jovens dizem que as embalagens comuns, com apenas cinco cromos, pesam 4 gramas. Já as que contém uma figurinha “lendária” extra somam 5 gramas. Depois deste, outros vídeos pipocaram nas redes sociais, inclusive com pessoas levando balanças para bancas de jornal para tentarem escolher os pacotes antes de comprar.

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Na banca da praça Brasil-Japão, a técnica já está proibida. “Já veio gente com balança, mas não deixei, porque acho errado. Não é justo a pessoa vir com a balança pesar e o outro [cliente] vir comprar e pagar o mesmo valor sem levar a figurinha extra”, diz Luiz Fernando.

Além de causar transtornos aos vendedores, isso tira a “magia” da sorte envolvida em uma coleção deste tipo. “O que é legal na Copa é a abertura dos pacotinhos de figurinhas, a expectativa da criança, do adolescente, do avô, do pai, da mãe que a gente vê aqui, vem muita família aqui. A gente vê a expectativa da mãe, que fica desesperada, o pai desesperado para sair o Neymar, o Messi, o Cristiano Ronaldo, é isso que vale a pena”, conclui o comerciante.

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