(Foto: Reprodução/Córtex Podcast)

“Se não se aplicasse nenhum isolamento em Botucatu, poderíamos ter entre 2 mil e 3 mil mortes”, diz infectologista

O médico infectologista e docente da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP), Prof. Dr. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, declarou que Botucatu poderia ter contabilizado entre 2 mil e 3 mil mortes por covid-19 se não fosse o lockdown imposto na cidade.

Em entrevista concedida ao Córtex Podcast, o médico assegurou a eficácia do isolamento social. “Há um trabalho do Julio Crota, um dos melhores epidemiologistas que trabalham com covid, que mostrou que se na Grande São Paulo não houvesse as medidas de lockdown, o número de internações e mortes seria entre dez e cem vezes maior do que de fato foi. E aí nós teríamos aquele colapso que foi visto na Amazônia e no Equador, de pessoas morrendo na rua sem ter hospitais”.

O pesquisador ainda relembra as projeções de mortes na pandemia realizadas por sua equipe, ainda no início do registro de casos na cidade. “Eu fui bastante criticado porque na época nós fizemos esses modelos matemáticos, que se provaram muito acurados, e nós vimos que, se não se aplicasse nenhum isolamento em Botucatu, nós poderíamos ter entre 2000 e 3000 mortes. Nessa época, fui bastante achincalhado nas redes sociais, no entanto nós estamos chegando por volta de 400 mortes. Certamente isso poderia ter sido dez vezes maior se não houvesse a instituição do isolamento social, depois a instituição das máscaras e, por fim, ganhar tempo, como se ganhou com essas medidas para que se chegasse a vacina”, considera.

Segundo o docente, a resistência de certos grupos sociais prejudicou a eficácia total do lockdown. “Elas seriam muito mais eficazes se elas não tivessem sofrido uma oposição sistemática de uma parcela da comunidade, especialmente a parcela que se considerou economicamente prejudicada e também a oposição sistemática do governo federal.”, conclui.

Natural de Fortaleza (CE), Dr. Carlos Magno possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará, mestrado em Patologia pela UNESP e doutorado em Clínica Médica pela UNICAMP. É livre docente em Moléstias Infecciosas pela UNESP desde 2013. Atualmente é professor associado da UNESP, vinculado à Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB).

Confira este trecho da entrevista abaixo ou a gravação completa por este link.

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