(Foto: Reprodução/Blog do Super Zé)

Para vereador, vote Zé Maria: a face política do craque botucatuense

Em tempos de eleição, diversos candidatos que se tornaram célebres por feitos fora da política surgem para concorrer a uma vaga nos poderes legislativo ou executivo. Um deles foi o futebolista botucatuense José Maria Rodrigues Alves.

“Futebol e política andam juntos desde que me entendo por gente”, reconhece Zé Maria, 73 anos. Ele lembra que seu pai, o funcionário público Durvalino Rodrigues Alves, era “uma das pessoas mais influentes” de Botucatu (SP), sua cidade natal, e também havia sido treinador de futebol. Na infância de Zé, políticos e jogadores se misturavam na sua casa.

Conhecido como Super Zé, o lateral-direito jogou pela seleção brasileira nas Copas de 1970 e 1974, mas é lembrado principalmente pela atuação no Corinthians, com destaque para a participação na final histórica do Campeonato Paulista de 1977, quando o time pôs fim a uma fila de 23 anos sem títulos. As vitórias levaram Zé a se aproximar dos políticos. “Na Copa do Mundo, a gente conhecia senadores, deputados, presidente da República. Em 1977, o governador Paulo Egydio Martins recebeu a gente no Palácio”, lembra.

Em 1982, um ano antes de deixar os gramados, foi convencido pelo então secretário estadual de Esportes, Flávio Adauto, a se lançar nas eleições a vereador da cidade de São Paulo para ajudar na candidatura do jornalista esportivo Caio Pompeu de Toledo a deputado estadual. “Entrei nessa para ajudar os amigos”, conta. A ideia é que, se fosse eleito, Zé iria para a Secretaria Municipal de Esportes, mas o plano não saiu como previsto. Eleito com 33.210 votos, Zé teve de permanecer os seis anos daquela legislatura como vereador.

Ao menos, era o planejado. No primeiro ano, o jogador, que ainda estava na ativa de forma amadora, pediu licença do mandato e voou para os Estados Unidos, onde passou a fazer apresentações de showbol (partidas amistosas com ex-jogadores consagrados). Após alguns meses, cansou-se das apresentações (“tinha que correr muito e eu já estava com certa idade”) e voltou para o Brasil, quando retomou a cadeira na CMSP.

Uma das jogadas do vereador Zé Maria acabaria garantindo, três décadas depois, a construção do estádio do Corinthians, o Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Zé conta que o prefeito Jânio Quadros havia tomado o terreno cedido ao Corinthians, e só aceitou devolvê-lo ao clube após um movimento que reuniu diversos vereadores corintianos para pressionar Jânio. A decisão foi comemorada com o lançamento da pedra fundamental no terreno.

Ao terminar o mandato, Zé lançou-se candidato à reeleição, por insistência dos colegas, mas diz que quase não fez campanha e não se importou quando foi derrotado. “A política não entrou no meu sangue”, explica. O que entrou por suas veias é sua atividade social nos times de futebol da Fundação Casa, onde trabalha há 23 anos tentando usar a bola para mudar o rumo das vidas dos internos.

“Mais do que ‘aulas’ de futebol, as chamadas escolinhas tornaram-se uma forma de eu contar um pouco da minha experiência no esporte, de mostrar o futebol  como  ferramenta de inclusão social”. “Desde 1999, trabalho na Fundação Casa, a antiga Febem e lá, tenho a missão de mostrar que há algo de bom do outro lado do muro, que é possível sonhar”, conclui o craque botucatuense.

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