(Foto: Mateus Conte/Jornal Audácia)

Pe. Gustavo Viaro Correa completa 10 anos de ordenação sacerdotal com missa de ação de graças

O padre Gustavo Viaro Correa, dirigente da Paróquia Nossa Senhora Menina desde março de 2020, completa dez anos de ordenação presbiteral nesta quarta (7). A missa de ação de graças será no mesmo dia, às 19h30.

Nascido na cidade de Botucatu em 1985, padre Gustavo estudou na escola Dom Lúcio e no colégio La Salle até ingressar no Seminário Arquidiocesano São José, da Arquidiocese de Botucatu, onde iniciou seu caminho de formação.

Em entrevista ao Jornal Audácia, contou: “Sou de família católica, mas minha família não era muito participante na igreja. Comecei a participar através do convite de um vizinho, que me convidou para ser coroinha” na paróquia São Pio X, localizada no Jardim Reflorenda.

“Ali fui me apaixonando por aquele universo, a imagem do padre me chamava muito a atenção, as pregações, o trabalho do padre, a doação, a dedicação, e aquilo começou a despertar um desejo em mim. Mas na época nem pensava em ser padre, eu tinha uns onze ou doze anos de idade”, lembra o hoje padre Gustavo.

Ele recorda que não levou muito tempo para considerar o sacerdócio. “Pouco tempo depois, esse mesmo amigo começou a frequentar alguns encontros vocacionais no seminário, sempre no último domingo do mês, para falar sobre a vocação, sobre o discernimento vocacional e ali que eu comecei a pensar mais seriamente nisso”.

O caminho vocacional…

Há exatos vinte anos, o sacerdote iniciou seu caminho vocacional. “No primeiro ano, eu frequentei os encontros, mas não entrei no seminário. E depois, quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, ainda frequentei todo o mês esse encontro e ao final do ano eu fui aceito para entrar no seminário em 2002”, lembra.

Na época, ele havia se mudado para a Vila dos Lavradores, passando a servir como coroinha na paróquia Sagrado Coração de Jesus, que na época era administrada pelo monsenhor José Lorusso, o padre Zezinho. “Durante todo o período de seminário, ele foi o pároco que me acompanhou”, lembra com carinho.

Padre Gustavo recorda que foram dez anos de seminário, entre estudos, orações e a formação nos estágios das paróquias. “Eu estava no segundo ano do ensino médio, então terminei o colegial, depois fiz o ano propedêutico e depois fui para Marília, fiz três anos de filosofia, mais quatro anos de teologia” na Faculdade João Paulo II (Fajopa).

Segundo ele, uma década de estudos é necessária para que o sacerdote tenha uma boa formação. “É um processo longo, até para que a gente pense, reflita bem, discirna bem, porque é uma decisão pra vida toda. Além disso, tem a parte dos estudos que nós fazemos: a filosofia, que ajuda a entender um pouco a razão, o pensamento humano, e depois a teologia, que é o conhecimento sobre Deus, sobre as Escrituras, sobre as verdades da fé”.

O padre ressalta que o acompanhamento espiritual e psicológico também são importantes nessa caminhada. “O seminário tem a rotina de oração e o acompanhamento espiritual, onde o diretor espiritual acompanha cada seminarista. No seminário tem também o acompanhamento psicológico, sempre tinha uma psicóloga que nos acompanhava durante esse período”, frisa.

Outro aspecto essencial para a formação do sacerdote é a convivência pastoral. “Nos finais de semana, a gente sempre vinha para uma das paróquias da diocese para trabalhar nas diversas atividades: com os coroinhas, com a catequese, com os jovens, com as famílias, com a liturgia”.

Durante esse período, Gustavo congregou em diversas paróquias da arquidiocese. “Nesse tempo que eu fiquei no seminário enquanto estava em Botucatu, eu trabalhei na paróquia de Rubião Júnior, na Catedral, depois, quando eu fui para Marília, eu já trabalhei em Lençóis Paulista, Pratânia, Itatinga e Avaré nos finais de semana”, lembra.

… até a ordenação

Já sua ordenação foi há dez anos, na paróquia Sagrado Coração de Jesus. “O seminário foi confirmando esse chamado de Deus e até que, há dez anos, dia 7 de setembro de 2012, eu disse o meu sim no dia da minha ordenação sacerdotal”.

Depois de sua ordenação, o neosacerdote foi vigário paroquial na Paróquia Santa Teresinha, em Cerqueira César; na Paróquia Santa Bárbara, em Águas de Santa Bárbara; e no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Lençóis Paulista.

Em janeiro de 2015 assumiu como pároco do Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida de São Manuel, onde permaneceu até o final de agosto de 2017, quando foi enviado para fazer mestrado em Direito Canônico, na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma.

“A Igreja tem o seu sistema jurídico, tem as suas leis e precisa de pessoas formadas para trabalhar nos tribunais eclesiásticos, então eu fui enviado pela arquidiocese para me especializar nisso e fiquei lá em Roma praticamente três anos pra fazer esse mestrado”, explica o sacerdote.

Perguntado sobre a função do direito canônico dentro da Igreja, o juiz instrutor da Câmara Eclesiástica arquidiocesana aponta que a maior parte dos casos atendidos são processos de nulidade matrimonial, que não deve ser confundido com o processo de divórcio.

“Na Igreja não existe o divórcio, o que existe é um processo para verificar se, por acaso, aquele casamento que está sendo julgado foi inválido, se ele foi nulo na sua raiz. Se o casamento foi válido, ele é indissolúvel, não tem o que fazer, agora se ele foi inválido por algum vício, por algum defeito no consentimento das partes, então depois que for declarado que esse casamento foi nulo, as partes estão livres se casarem novamente”, declara.

A pandemia

No entanto, um fator inesperado causou a interrupção de seus estudos na europa: a pandemia da covid-19. “Começou toda aquela situação na Itália, que estava muito grave, lockdown lá e começando aqui no Brasil, eu decidi voltar ao Brasil justamente pelos meus pais, que estavam sozinhos aqui, e vim no pensamento de esperar a crise mais forte passar e depois eu retornar para continuar os meus estudos (…) com o prolongamento da pandemia, eu acabei terminando online o meu mestrado e comecei o doutorado, porque, na verdade, o plano era que eu ficasse lá até terminar o doutorado”.

Nomeado administrador da Paróquia Nossa Senhora Menina em março de 2020, o padre passou por alguns obstáculos em seus compromissos pastorais, sendo a maior delas a própria pandemia. “No começo de abril de 2020, era véspera da Semana Santa e a igreja estava fechada por causa da pandemia, fiz as celebrações aqui, já de forma online e transmitidas pela internet”.

Porém, como escreveu Santo Agostinho, “Deus não permitiria um mal se não soubesse tirar dele um bem maior”. Deste modo, padre Gustavo começou suas atividades em um terreno até então inexplorado por ele: a internet.

O canal do padre Gustavo

“O canal do YouTube surgiu por conta da pandemia, foi uma coisa que eu nunca tinha imaginado antes. Eu comecei a gravar alguns vídeos naquela Semana Santa, porque cheguei em Botucatu, assumi uma paróquia sem conhecer meus paroquianos e queria transmitir o evangelho, principalmente naquela época de muito medo, de muita tensão. Então, gravei alguns vídeos no começo sobre a Semana Santa e depois alguém pediu: ‘Padre, por que o senhor não faz um comentário do Evangelho a cada dia?’ e comecei sem muitas pretensões, eu mesmo filmava, eu mesma editava, eu mesmo postava os vídeos e, com a graça de Deus, isso foi crescendo e se difundindo, e hoje já tenho a ajuda de uma pessoa aqui que grava comigo, edita os vídeos e publica, porque isso sozinho não ia dar conta, essa ajuda é muito valiosa”, conta o padre.

O canal do padre Gustavo no YouTube, que você pode acessar por este link, conta com mais de 90 mil inscritos e quase 11 milhões de visualizações. “A gente está vendo que alguns vídeos têm alcançado gente do Brasil todo, até pessoas de fora do país que comentam, que agradecem, que rezam conosco e que apresentam também suas situações. A nossa missão é evangelizar, se hoje a gente tem esses meios, que são as redes sociais e a internet, a gente tem que usar todos os meios possíveis para a gente levar a mensagem de Cristo”.

Agora, o padre percebe que este não é um meio que se deva deixar de lado. “Está todo mundo com o celular na mão, está todo mundo conectado, e se a gente não se conecta também, a gente deixa de anunciar isso. Muito me atrai a imagem de São Paulo, que usava todos os recursos que ele tinha na época para evangelizar. Então nós precisamos também aproveitar todas as ferramentas que a gente tiver para anunciar Cristo”, lembra.

A paróquia Nossa Senhora Menina

Padre Gustavo se recorda da repentina morte do pároco anterior, o padre Orestes Gomes Filho. “Eu cheguei no Brasil no dia 15 de março de 2020 e, no dia 28 de março, o padre Orestes veio a falecer daquela forma tão triste. Eu lembro que eu fiz 15 dias de quarentena e a primeira vez que eu saí de casa depois daquele período de isolamento foi para o sepultamento do padre Orestes”.

Assumir a paróquia após o falecimento de Orestes não foi tarefa fácil, segundo o padre. “O padre Orestes é muito querido entre nós, padres, e aqui na comunidade. O jeito espontâneo dele, simples, do sítio, padre caipira, padre festeiro. Então, em primeiro lugar, eu senti um grande frio na barriga ao assumir essa missão. Lógico, não vim para substituir, porque todos nós somos insubstituíveis, ele tinha os dons e carismas dele e eu tenho os meus dons e carismas”, diz Gustavo.

A simpatia pelas festas, segundo ele, é uma das características coincidentes entre ambos. “Tenho trabalhado bastante na parte espiritual e também na parte das festas, é algo que eu gosto bastante. Eu acho que as festas, além de reverter a verba que a gente precisa para os trabalhos da comunidade, é um momento de confraternização, de união, principalmente depois da pandemia, em que a gente ficou tão isolado, a emoção da gente estar junto, a gente poder se alegrar, a gente festejar”, considera o padre.

Além da dimensão espiritual, o pertencimento a uma comunidade também é importante para o cristão, conforme aponta Gustavo. “É muito triste quando as pessoas só participam da celebração, mas não querem criar um vínculo, uma raiz. Estar juntos é algo que faz parte da nossa fé, a fé cristã é essencialmente comunitária. Nós nos unimos para rezar, para fazer as ações sociais e os trabalhos de evangelização, mas também são importantes para o ser humano a festa, a confraternização, o alegrar-se, principalmente nos tempos tão pesados que a gente está vivendo”.

No dia de hoje, 7 de setembro de 2022, data em que o padre Gustavo Viaro Correa completa dez anos de ordenação sacerdotal, o sacerdote celebrará uma missa de ação de graças às 19h30, na paróquia Nossa Senhora Menina, localizada na Rua João Morato Conceição, 398, Vila Maria.

A missa coincide com o último dia da novena de Nossa Senhora Menina, visto que no dia seguinte inicia-se a festa da padroeira da paróquia, que ocorre todos os anos na festividade da Natividade de Nossa Senhora. “Agradecer pelo dom do sacerdócio, que acredito que é um presente de Deus. Não é mérito meu, não é nada de merecimento meu, mas é a graça de Deus que quis me usar para poder se fazer presente através do meu ministério”, revela o padre.

As missas habituais na Paróquia Nossa Senhora Menina são aos sábados, às 18h, e aos domingos, às 8h, às 9h30, às 11h e às 19h30. Já na Capela São Domingos, localizada em Piapara, é sempre nos últimos domingos do mês, às 16h.

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