Mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens em Botucatu, diz pesquisa

Um estudo publicado na revista Nature Medicine analisa a longevidade e as causas de morte em 363 cidades de nove países na América Latina, com dados até 2016. Dentre elas está Botucatu, apontando uma variação de sete anos de expectativa de vida entre homens e mulheres: enquanto as mulheres vivem cerca de 80,1 anos, os homens vivem 73,5 anos.

Normalmente, a expectativa de vida de uma cidade é um indicador usado para dar uma ideia tanto da saúde de uma população quanto de outros fatores — econômicos e sociais — que tornam possível que homens e mulheres cheguem a determinada idade.

Além da expectativa de vida em anos, o grupo de pesquisadores também se debruçou sobre as principais causas de morte em cada uma das cidades.

Os dados apontam que, em Botucatu, 56,8% das mortes catalogadas são por doenças cardiovasculares ou doenças crônicas e, logo em seguida, o câncer figura com 20,6% dos óbitos. Por outro lado, a violência ocupa o último lugar: apenas 2,1% das mortes.

“Para que uma pessoa chegue a morrer de câncer, tem que viver mais tempo e não ter morrido de outras causas. Parte do que estamos vendo aqui é isso, e é também por isso que é o padrão no Sul do Brasil, onde há melhores indicadores de qualidade de vida e maior expectativa de vida, em geral”, afirma o pesquisador.

Segundo o estudo, os índices de morte por violência são os que tendem a marcar a diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres; entretanto, não é o caso de Botucatu: a diferença de sete anos entre homens e mulheres convive com os baixos índices de violência na cidade.

“Sabemos que a violência também afeta as mulheres, mesmo que não afete tanto quanto aos homens. E ainda há o fato de que, muitas vezes, os feminicídios não são adequadamente registrados. Isso às vezes torna mais difícil compreender o impacto da violência na vida das mulheres”, diz Usama Bilal, pesquisador da Universidade de Drexel, nos Estados Unidos, e coautor da pesquisa.

Além disso, os pesquisadores pretendem entender como o acesso a determinados serviços básicos como saneamento, educação e moradia impacta a vida dos cidadãos em cada um desses lugares — ao ponto de poder dizer, no futuro, quantos anos cada um desses serviços adiciona ou subtrai de sua expectativa ao nascer.

Até o momento, o estudo indica que viver em áreas menos aglomeradas, com mais acesso a água e saneamento e maior nível educacional são fatores associados com uma menor proporção de mortes por doenças infecciosas, maternais, neonatais e nutricionais, e uma maior proporção de mortes por câncer, doenças cardiovasculares e não infecciosas.

Ou seja, as pessoas com melhores condições de vida, em geral, tendem a viver mais e a morrer proporcionalmente mais de doenças que atingem pessoas mais velhas.

“Também estamos avaliando impactos da contaminação ambiental, da disponibilidade de transporte e outros. Nossos resultados até agora mostram que muitos dos fatores que interferem na expectativa de vida são modificáveis e poderiam ser suscetíveis a políticas urbanas”, afirma.

Confira os dados para download e análise (em inglês).

com informações de BBC Brasil

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