O fotojornalista botucatuense André Liohn, que atuou na cobertura da guerra da Rússia contra a Ucrânia por cinco semanas, decidiu deixar a Ucrânia nesta quinta (31).
Em entrevista ao UOL, Liohn relatou atos de censura por parte de forças policiais e criminalização de jornalistas pelo governo ucraniano. “Ontem, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky decretou uma lei marcial que prevê até 12 anos de prisão para jornalistas que mencionem em seus artigos informações que possam, segundo o governo ucraniano, ser usadas pela Rússia para futuros ataques contra a Ucrânia”.
Entre os pontos previstos na lei, jornalistas não podem mencionar locais, datas e outros dados específicos sobre eventos sem que autoridades da Ucrânia tenham antes autorizado a publicação.
“Nas redes sociais, jornalistas ucranianos estão manifestando publicamente medo dessas ações e perseguições. Eles – mais do que todos– são os mais vulneráveis em relação à censura e à violência do Estado. As autoridades ucranianas foram alertadas e, até agora, não apresentaram nenhuma resposta”, diz Liohn.
O botucatuense ainda relembra outro conflito que cobriu. “Em dezembro de 2011, ainda no início da guerra da Síria, fui preso e agredido por extremistas que me acusaram de ser um espião. Ontem, sentindo que a situação na Ucrânia tende a piorar, sabendo que esse processo de demonização de jornalistas dificilmente tem volta, decidi – ainda que com muita tristeza – sair da Ucrânia”, conclui André Liohn.
com informações do UOL