Os políticos Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Geraldo Alckmin (PSB) discursaram em um comício promovido por diversos partidos e entidades sociais de Botucatu na tarde deste sábado (3), na concha acústica da Praça do Paratodos.
O evento foi o último de uma série de compromissos dos candidatos no centro-oeste paulista, que ainda passaram por Jaú e Bauru. Além deles, estiveram presentes no comício Lúcia França, candidata a vice-governadora na chapa de Fernando Haddad; Paulo Teixeira, deputado federal pelo PT e candidato à reeleição; Estela Almagro, vereadora de Bauru e candidata a deputada estadual; Ana Estela Haddad, esposa de Fernando Haddad e Lu Alckmin, esposa de Geraldo Alckmin.
As lideranças progressistas da cidade marcaram presença com Cida Franco, co-candidata a deputada estadual; Janete Lyma, presidente do PT de Botucatu; Thalita Tavares, presidente do PSOL de Botucatu; e Prof. Antonio Carlos Pereira, presidente do PCdoB de Botucatu, além de vários filiados e militantes de diversos movimentos e partidos políticos.
O que disse Fernando Haddad
O ex-ministro da educação começou seu pronunciamento exaltando a candidatura de seu partido à presidência, formada por Lula e Geraldo Alckmin. “Eu acho que nós temos uma oportunidade extraordinária de ver um governo inédito no Brasil, com Lula e Alckmin, um governo com duas pessoas extraordinárias. O Lula é esse líder mundial, o maior político da história do Brasil, uma pessoa respeitada no mundo inteiro. Eu digo para as pessoas e as pessoas duvidam, mas eu provo. Eu fui advogado do Lula durante todo o tempo que ele passou na Polícia Federal. O Lula recebeu mais chefes de estado em Curitiba do que o Bolsonaro em Brasília. Nunca ninguém levou o Bolsonaro a sério no mundo, ninguém dá um telefonema pro Bolsonaro, e nem ele dá um telefonema com medo de não ser atendido”.
Em seguida, o acadêmico resgatou alguns dados econômicos do governo Lula. “Vocês têm ideia do que aconteceu com o comércio exterior nos nossos governos? Se somasse importação com exportação, dava 100 bilhões de dólares. Quando deixamos o governo, dava 500 (bilhões de dólares). Por isso que a economia crescia, por isso que sobrava dinheiro para você fazer o mercado e ir no comércio comprar uma roupa, um eletrodoméstico, um carro, uma moto. Era isso que fazia a riqueza do país, o país crescia mais de 4% ao ano, sobrava para investir em infraestrutura, para investir em educação. Quantas bolsas de estudo nós demos do Prouni, FIES, SISU… tudo o que foi feito para essa juventude pensar grande. A gente quer que o jovem pense grande, ‘eu quero ser engenheiro’, ‘quero ser professor’, ‘quero ser médico’, e ele podia sonhar e ainda pode sonhar, porque eles [governo Bolsonaro] não destruíram tudo”.
Por fim, o candidato expôs o processo de criação do seu plano de governo. “Nós temos o Alckmin, o Márcio França, dois ex-governadores, que colocaram toda a equipe deles à disposição para elaborar o melhor plano de governo. Aí veio o sangue novo: o sangue novo do PSOL, do PCdoB, do PT, do PV, da Rede, juntamos seis partidos e cada um deles tinha um plano de governo para São Paulo. Nós fizemos um bolo misturado, mexemos e demos uma coerência para o texto, e está aí o melhor plano de governo já feito. Um ano e meio para elaborá-lo, um ano e meio rodando esse estado para pensar o futuro de São Paulo. E eu tenho certeza que esse time vai marcar a história” concluiu o petista.
O que disse Márcio França
O candidato ao Senado pelo estado de São Paulo dedicou sua fala ao enaltecimento dos serviços públicos. “Grande parte da gente talvez não precise de políticas públicas. Muitas pessoas como nós, que somos, quem sabe, de classe média e tivemos oportunidade de estudo, talvez não precisemos do poder público como muita gente depende. Mas eu tenho certeza que aqui de manhã cedo, todo dia vai alguém para o SUS, todo dia vai alguém para o hospital, todo dia vai alguém para uma LOAS [Benefício Assistencial] qualquer, para um atendimento social, alguém que depende de escola pública… e cada um de nós aqui sabe que isso não vai acontecer se essa visão errada que a gente tem do país que estão tentando implementar de que tudo que é público não é bom. É o contrário: eu sou fruto da escola pública, a Lúcia é, o governador Alckmin é, a dona Lu é, o Haddad é, a Ana Estela é, o Paulinho também é. Todo mundo aqui estudou em escola pública e a gente tem muito orgulho das coisas públicas. O que nós precisamos fazer é garantir qualidade em todas as coisas públicas também”, disse o advogado.
O que disse Geraldo Alckmin
O ex-governador Geraldo Alckmin retomou momentos históricos para legitimar sua aliança com um de seus adversários mais emblemáticos, o ex-presidente Lula. “Às vezes, alguém pergunta: ‘mas você e o Lula, PT e PSDB lá atrás, disputaram tantas eleições’ e é verdade. E eu pergunto: ‘o que é que o Brasil precisa mais: as disputas do passado ou a união do futuro?’. Eu acho que o Brasil precisa se unir. Nós disputamos eleições, mas nos momentos mais importantes, estávamos no mesmo lado: o lado do povo. Para redemocratizar o Brasil, estávamos lá na luta pelas Diretas Já: Lula, Fernando Henrique, Ulysses Guimarães, nós todos do mesmo lado defendendo a democracia. Na Constituinte de 88, a Constituinte Cidadã, estávamos lá, juntos com Lula, lutando pelos direitos individuais, coletivos e por um Brasil melhor. Disputamos eleições que são saudáveis no processo eleitoral, mas nunca pusemos em dúvida a democracia, que é a soberania do povo. Nós temos o dever de estar juntos, nós temos o dever de lutar e nós temos o dever de vencer para salvar a democracia brasileira. Não é possível o Brasil ter um presidente que tem saudade da tortura, saudade da ditadura, é um retrocesso do ponto de vista civilizatório”, disse Alckmin, um dos fundadores do PSDB.
Em seguida, o médico anestesiologista enalteceu Botucatu como uma referência em saúde pública. “Aqui tem uma das melhores universidades do país e é um centro na área de saúde, hospital, tem uma rede de atendimento. Três coisas mudaram o mundo: água tratada, vacina e antibiótico. A gente vivia 45 anos de idade, hoje estamos chegando a 80 e vai subir. É inacreditável o país que era modelo no mundo em vacina dizer que vacina dá AIDS, vira jacaré, fazer campanha contra vacina, postergar a vacina de criança. As mamães sabem o terror que era o sarampo, a paralisia infantil, foram todas erradicadas com vacina”, lembra o professor.
Por fim, o constituinte apontou as qualidades de seus aliados. “Aqui em São Paulo, o Fernando foi prefeito da maior cidade brasileira, a capital; ministro da educação que criou o Fundeb, o fundo da educação básica, o Prouni, melhorou tudo. O Márcio França foi prefeito da primeira cidade brasileira, São Vicente, o primeiro município, onde nasceu o municipalismo brasileiro. Um grande time para a gente servir o estado (…). Eu tenho convicção absoluta, Fernando, que você vai ser um grande governador do nosso estado. Sabe ouvir, quem ouve erra menos. Vai fazer um governo moderno, dialogando, sentindo e entendendo as necessidades do povo e fazendo São Paulo se fortalecer. O Márcio foi meu secretário de turismo e implantou a secretaria de turismo. O turismo é emprego, como é a economia criativa, emprego na veia. Vice-governador, secretário de desenvolvimento econômico, governador de São Paulo, vai ser um grande senador”, concluiu o candidato a vice-presidente.
Durante a manhã deste sábado (3), a comitiva esteve em Jaú, onde se reuniu na Santa Casa de Misericórdia da cidade. Durante o horário de almoço, os coligados visitaram o Centrinho da USP de Bauru. Já em Botucatu, a Associação de Usuários, Familiares e Trabalhadores dos Serviços de Saúde Mental de Botucatu (Arte e Convívio) recebeu os candidatos antes do comício na praça do Paratodos, que iniciou às 17h.
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