O Dia Nacional de Doação de Leite Humano foi instituído pela Lei nº 13.227, de 28 de dezembro de 2015. Seu objetivo é “estimular a doação de leite materno, promover debates sobre a importância do aleitamento e doação de leite e divulgar os bancos de leite humano nos estados e municípios”.
A cidade de Botucatu conta com um banco de leite aberto para receber doações a qualquer momento. O Banco de Leite Humano ‘Marineuza Nunes de Souza’ (BLH) é pertencente à Gerência Técnica de Nutrição e Dietética (GTND) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu (HCFMB).
O BLH foi criado em 2001 e é responsável pela execução de coleta, processamento e controle de qualidade do leite humano para posterior distribuição para os recém nascidos prematuros e doentes internados no Hospital das Clínicas.
Dados do Jornal do HCFMB apontam que, no ano de 2021, 800 doadoras contribuíram para o atendimento de, aproximadamente, 750 bebês internados. Ao todo, foram coletados 650 litros de leite materno e realizados quase 4.200 atendimentos individuais para instruir as mães sobre a amamentação e a importância da doação do leite excedente para os pequenos prematuros.
A médica do BLH, Dr.ª Simone Manso de Carvalho Pelícia, reforça a importância da doação em entrevista ao Jornal da HCFMB. “Alguns bebês nascem antes do tempo por complicações na gestação de suas mães e, por isso, precisam iniciar a sua alimentação com o leite materno. Mas, algumas vezes, as mães não conseguem fornecer esse alimento logo após o nascimento e é nesse momento que a presença do Banco de Leite é fundamental, porque consegue arrecadar esta nutrição adequada, que é captada e preparada para ser fornecida a quem mais precisa”.
No início de abril deste ano, o banco anunciou que está com seus estoques em baixa e necessita de doações de leite materno. “Desde início do ano houve uma diminuição das doações. Estamos arrecadando em média 25 litros por mês, quando o ideal seria 60 litros”, disse Angélica Almeida, nutricionista e responsável técnica do BLH, ao Jornal Audácia.
“Com a flexibilização da pandemia, as mães voltaram a trabalhar ou ficaram menos em casa e, com isso, as doações diminuíram. Ainda assim, conseguimos suprir a demanda da UTI Neonatal, pois o leite, depois de pasteurizado, tem uma validade de seis meses. Esperamos poder sensibilizar mais mães para que elas também se tornem doadoras”, conclui.
O leite humano ajuda a salvar vidas, sobretudo de bebês prematuros extremos e doentes que precisam do leite humano para ajudar a amadurecer o seu sistema gastrointestinal, aumentar a sua defesa contra infecções e doenças, entre inúmeras outras razões. E, por conseguinte, diminui a mortalidade destes pacientes que são muito vulneráveis por terem sua imunidade diminuída, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Qualquer mulher em período de amamentação, que tenha boas condições de saúde, que não seja fumante, usuária de drogas ou que faça uso excessivo de álcool está apta a doar, e qualquer quantidade de leite materno doada pode ajudar. Segundo o Ministério da Saúde, 1 ml de leite já é suficiente para nutrir um recém-nascido a cada refeição, dependendo do peso.
As mães também se beneficiam com a doação. Ela alivia os sintomas da mama cheia, ajuda a manter a produção de leite humano para o seu próprio bebê, protege sua mama de problemas como ingurgitamento mamário e mastite e aumenta a autoestima da mulher por auxiliar outras mulheres e crianças numa verdadeira rede de amor e solidariedade, conforme aponta a SBP.
O Banco de Leite Humano do HCFMB fica no campus da Unesp, em Rubião Júnior, e também no Hospital Estadual Botucatu (HEBo). Por conta da quantidade de bebês prematuros atendidos, o setor precisa constantemente de doações para manter os seus estoques em níveis adequados. As mães lactantes que tiverem interesse em colaborar com o BLH podem entrar em contato pelos telefones: (14) 3811 6410 – (14) 99799 8289 – (14) 3811 2762 de segunda a sexta das 7h às 12h e das 13h às 18h.
O BLH fornece o kit para a doadora, contendo máscara, touca, vidro esterilizado e folheto com as explicações do procedimento. Com os equipamentos em mãos, a lactante faz a coleta sozinha. Posteriormente, é feito um contato telefônico com a doadora para confirmar se a mesma conseguiu ordenhar leite e, uma vez por semana, uma funcionária do BLH passa em cada residência para buscar os potes.
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