O Dia das Mães é uma data comemorativa, onde se celebra a beleza da maternidade. No entanto, este momento também deve trazer reflexões sobre a qualidade da saúde que as grávidas recebem no Brasil – em especial, as adolescentes que engravidam precocemente.
De acordo com dados do Ministério da Saúde reunidos pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), são mais de 19 mil nascidos vivos por ano de mães com idade entre 10 a 14 anos. Em Botucatu, o cenário também provoca alarde: segundo o DataSUS, cerca de 111 crianças nasceram de mães com idade entre 10 a 14 anos durante os anos de 1999 a 2008.
Os primeiros problemas de uma gravidez precoce podem aparecer ainda no início da gravidez e vão desde o risco de aborto espontâneo – ocasionado por desinformação e ausência de acompanhamento médico – até o risco de vida, resultado de atitudes desesperadas e irresponsáveis, como a ingestão de medicamentos abortivos. Outro problema é a rejeição das famílias: ainda são muito comuns pais que abandonam seus filhos nesse momento tão difícil, quando deveriam propiciar toda atenção e assistência.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que, embora os rapazes cisgênero não possuam as condições biológicas necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa; e se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar seu filho no ventre durante toda a gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade. Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças: o pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Moralismos à parte, a realidade nua e crua exige pulso firme do poder público a fim de conscientizar adolescentes que iniciam sua vida sexual a adotar métodos anticoncepcionais desde a primeira relação, evitando a gravidez não planejada e as doenças sexualmente transmissíveis.
As únicas alternativas para combater e prevenir a gravidez precoce são propiciar o acesso à informação e à educação, conscientizando e orientando os jovens para o uso de contraceptivos. Tudo isso, porém, só será possível através da associação de ações educacionais e de saúde pública. Não basta ter a informação se o acesso a uma consulta, a um aconselhamento ou a uma cartela de camisinhas é truncado.
Existem vários métodos contraceptivos
A camisinha é o método contraceptivo mais seguro, chegando a oferecer 90% de segurança em relação a gravidez, além de prevenir todo tipo de doença sexualmente transmissível. Além disso, pode ser utilizada tanto pelo parceiro (camisinha masculina) quanto pela parceira (camisinha feminina). Outra vantagem é que sua aquisição é fácil: ela pode ser adquirida gratuitamente nos postos de saúde ou comprada a um preço módico em supermercados e farmácias. O único cuidado que deve ser tomado é o de observar se o produto tem o selo do Inmetro e se está dentro da data de validade.
Outro método contraceptivo muito popular é a pílula, que ocupa o primeiro lugar no ranking dos métodos mais usados pelas meninas. Isso acontece devido à sua fama de método seguro e pelo seu acesso muito fácil. Embora isso seja errado, a maioria das farmácias não pede receita médica no ato da compra e muitas mulheres fazem uso desse medicamento sem orientação médica. É importante salientar que essa atitude não deve ser cultivada: as pílulas costumam provocar efeitos colaterais como aumento ou redução de peso, dores de cabeça, náuseas, tonturas, entre outros.
Não resta dúvida então que o melhor remédio para não engravidar é prevenir, certo? Porém, se algo deu errado, há um método contraceptivo de urgência: trata-se da “pílula do dia seguinte”. É um medicamento que deve ser usado quando, por acidente, falham os outros métodos. Importante: ele deve ser utilizado apenas em casos extremos. Não dá para ser irresponsável e sair por aí transando sem proteção e tomando a pílula à torta e à direita. A eficiência do uso da “pílula do dia seguinte” está relacionada com o tempo que leva entre a relação sexual e a ingestão do medicamento: quando mais cedo for tomada, maior sua eficácia. Seu uso errado pode ser prejudicial à gravidez e, por isso, deve ser orientado pelo médico.
Embora o assunto seja polêmico, é ponto pacífico concluir que existem graves consequências que uma gravidez não desejada pode trazer a uma adolescente e a seu futuro filho. Assim, medidas de inclusão social, informação e orientação adequada são os componentes que podem fazer toda a diferença para garantir um futuro promissor e saudável para os nossos jovens.