Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu encontrou, em um gene de cavalos, uma mutação responsável por uma forma de nanismo. Esta disfunção pode levar à morte embrionária ou ao nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo.
Além da descoberta, descrita na revista Scientific Reports, os pesquisadores desenvolveram um teste para detecção do problema, de forma a evitar que a mutação seja passada adiante em cruzamentos.
O trabalho integra o projeto “Estudo clínico e molecular do nanismo do tipo condrodisplásico em equinos da raça Mini-Horse no Brasil”, um dos resultados do doutorado do médico veterinário Danilo Giorgi Abranches de Andrade na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), contando com a participação do professor Alexandre Borges.
“A enfermidade, conhecida como nanismo condrodisplásico, apresenta elevada prevalência em criadouros de equinos de raças pônei, uma vez que a seleção de animais de pequena estatura foi acompanhada pelo aumento da prevalência de mutações genéticas associadas a alterações musculoesqueléticas”, conta José Paes de Oliveira Filho, professor da FMVZ-Unesp e coordenador do estudo.
Segundo Andrade, outras quatro mutações causadoras do nanismo condrodisplásico já haviam sido descritas antes do início da pesquisa, mas alguns animais afetados atendidos na Clínica de Grandes Animais da FMVZ não apresentaram nenhuma delas. Logo, supôs-que houvesse outra mutação, ainda desconhecida, nos equinos da região.
Sendo assim, os pesquisadores coletaram amostras de sangue ou pelo de diversos animais da raça mini-horse de São Paulo e de outros estados. Em seguida, foi extraído o DNA dessas amostras e seus genes foram sequenciados e comparados com animais sem nanismo. Assim, foi possível identificar a quinta mutação genética responsável pelo nanismo no Brasil.
Pônei diagnosticado com nanismo (Imagem: Reprodução/Scientific Reports)
Além dos membros curtos e tortuosos, os defeitos causados pelo nanismo também se estendem a deformidades no crânio, mandíbula e vias aéreas. Embora alguns animais consigam alcançar a fase adulta, a maioria morre ou é submetida à eutanásia, visto que não conseguem ter qualidade de vida.
Visando evitar casos de nanismo indesejados, os pesquisadores patentearam um teste capaz de identificar o genótipo e buscam parceiros para comercializar o produto. Desta forma, os criadores poderão selecionar os acasalamentos e evitar que a mutação seja passada para as próximas gerações de forma mais eficaz.
Como se trata de uma doença caracterizada por genes recessivos, mesmo os progenitores que apresentam aparência normal podem ser portadores da mutação. Portanto, o teste será um grande aliado na prevenção aos casos de nanismo indesejados.
“A descoberta destas mutações e a possibilidade de testar os animais é um avanço científico e uma excelente prática de manejo, pois se adotada pelos proprietários poderá salvar vidas e minimizar os prejuízos com perdas de animais”, diz Oliveira Filho.
O artigo completo pode ser acessado por este link (em inglês).
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Com informações da Agência Fapesp