(Foto: João Caldas/Divulgação)

O que é verdade e o que é adaptação na peça “A Última Sessão de Freud”

O espetáculo “A Última Sessão de Freud”, apresentada em três sessões lotadas no Teatro Municipal de Botucatu neste sábado (19) e domingo (20), é baseada em um encontro fictício entre o psicanalista austríaco Sigmund Freud (Odilon Wagner, que recebeu indicação ao Prêmio APCA 2022 pelo papel) e o escritor britânico CS Lewis (Claudio Fontana).

Dirigida por Elias Andreato e traduzida por Clarisse Abujamra para o texto do premiado autor norteamericano Mark St. Germain, o texto debate o dilema entre ateísmo e crença em Deus através da ótica de dois dos maiores intelectuais do século XX. O texto de Mark St. Germain, por sua vez, é baseado no livro Deus em Questão, escrito pelo professor clínico de psiquiatria Dr. Armand M.Nicholi Jr, da Harvard Medical School.

O magnífico cenário assinado por Fábio Namatame reproduz o consultório onde Freud desenvolvia sua psicanálise e seus estudos. A peça teve êxito de crítica e público, sendo vista por mais de 35 mil pessoas em cidades como Curitiba, Belo Horizonte, Recife, João Pessoa, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Campos do Jordão. No entanto, como toda obra de ficção, foram necessários ajustes narrativos para que o roteiro se torne mais interessante para o público. Confira a seguir as principais adaptações na obra:

Freud e CS Lewis chegaram a se encontrar?

Não há qualquer registro que Sigmund Freud e C.S. Lewis chegaram a se encontrar em algum momento. Eles eram figuras de contextos e áreas muito diferentes. Freud era um psicanalista austríaco e um dos fundadores da psicanálise, enquanto C.S. Lewis era um escritor e acadêmico britânico, conhecido por suas obras literárias, incluindo as “Crônicas de Nárnia” e seus trabalhos sobre teologia cristã. Além disso, suas perspectivas intelectuais eram muito distintas, com Freud focando na psicologia e nas questões da mente humana, e C.S. Lewis concentrando-se em literatura, filosofia e teologia. Por conta disso, a obra considera que o encontro entre os dois é fictício.

Freud morou na Inglaterra?

Sim, Sigmund Freud, o renomado psicanalista, morou na Inglaterra por um período durante sua vida. Ele fugiu da Áustria nazista em 1938 com sua esposa e filha devido à perseguição aos judeus e ao aumento das tensões políticas na Europa. Freud e sua família se estabeleceram em Londres, onde ele continuou a trabalhar e escrever até sua morte em 1939. Durante seu tempo na Inglaterra, Freud fez contribuições significativas para a psicanálise e continuou a influenciar o desenvolvimento da psicologia e da teoria psicanalítica.

CS Lewis já satirizou os escritos de Freud em alguma de sua obra?

Sim, C.S. Lewis satirizou as ideias de Sigmund Freud em sua obra “O Grande Abismo”, que faz parte da série “As Crônicas de Nárnia”. O livro é o sexto da série, mas não é tão conhecido quanto os primeiros livros, pois possui um tom mais sombrio e é mais voltado para questões filosóficas e teológicas. Em “O Grande Abismo”, Lewis cria um personagem chamado Emeth, que é um habitante do mundo de Calormânia e serve ao deus pagão Tash. No entanto, no contexto da história, Emeth acaba sendo acolhido no “paraíso” de Nárnia (que representa o Céu) apesar de seu serviço a Tash, enquanto outros personagens que eram fiéis a Tash são rejeitados. Essa virada narrativa foi interpretada por muitos como uma crítica à visão freudiana do julgamento divino e da moralidade, questionando a ideia de que os indivíduos seriam julgados ou recompensados de acordo com sua adesão a sistemas religiosos específicos.

Freud era ateu? CS Lewis era cristão?

Sim, Sigmund Freud era ateu. Ele era conhecido por sua visão crítica da religião e frequentemente abordava questões religiosas em sua obra. Freud via a religião como uma manifestação da psicologia humana e frequentemente a interpretava como uma ilusão ou uma forma de resposta psicológica a necessidades emocionais e existenciais. Por outro lado, C.S. Lewis era um cristão devoto. Ele passou por uma jornada espiritual ao longo de sua vida e, eventualmente, converteu-se ao cristianismo. Sua fé cristã influenciou profundamente sua vida e seu trabalho literário. Lewis é conhecido por suas obras que exploram temas religiosos e teológicos, como as “Crônicas de Nárnia”, bem como seus trabalhos de apologética cristã, nos quais ele defende e explora as crenças cristãs.

CS Lewis já foi ateu?

Sim, C.S. Lewis foi um ateu por grande parte de sua vida antes de sua conversão ao cristianismo. Durante sua juventude e início da vida adulta, Lewis era cético em relação à religião e considerava-se um ateu. Ele escreveu sobre sua descrença em Deus e sua perspectiva materialista em suas cartas e em alguns de seus primeiros escritos. No entanto, ao longo do tempo, através de suas interações com outros escritores, discussões intelectuais e sua própria busca por significado e verdade, Lewis começou a reconsiderar suas crenças. Sua amizade com J.R.R. Tolkien, membro do grupo de escritores Inklings, teve um papel importante em sua jornada de fé. Lewis gradualmente se afastou do ateísmo e eventualmente converteu-se ao cristianismo, uma transformação que teve um profundo impacto em sua vida e trabalho subsequente. Lewis escreveu muito sobre sua jornada espiritual e sua conversão, e seus escritos mais tarde na vida abordam questões teológicas e filosóficas do ponto de vista cristão.

CS Lewis era amigo de JRR Tolkien?

Sim, C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien eram amigos próximos e colegas acadêmicos. Eles eram membros do mesmo círculo literário conhecido como o “Inklings”, um grupo de escritores e acadêmicos que se reuniam regularmente para discutir literatura, compartilhar suas obras em andamento e debater ideias. A amizade entre Lewis e Tolkien foi uma das influências mais significativas em suas vidas e carreiras literárias. Eles compartilhavam um amor pela mitologia, literatura e fantasia, e frequentemente debatiam sobre questões filosóficas e teológicas. A amizade também teve um impacto nas obras de ambos: Lewis é conhecido por suas “Crônicas de Nárnia”, enquanto Tolkien é famoso por “O Senhor dos Anéis” e outras obras relacionadas à Terra-média. Foi C.S. Lewis quem teve um papel importante em levar Tolkien a completar “O Senhor dos Anéis”, encorajando-o e sendo um ouvinte atento de suas histórias e ideias. A relação entre os dois autores é uma das histórias mais conhecidas no mundo literário e continua a ser um exemplo de como a amizade e o apoio mútuo podem influenciar o trabalho criativo.

CS Lewis lutou na Primeira Guerra?

Sim, C.S. Lewis serviu como oficial no Exército Britânico durante a Primeira Guerra Mundial. Ele se juntou às Forças Armadas em 1917, quando tinha 18 anos, e foi comissionado como tenente no Exército. Lewis serviu na Frente Ocidental, na França, durante a guerra. Ele teve experiências traumáticas durante seu serviço militar e foi ferido em combate em 1918. As experiências de guerra tiveram um impacto profundo em Lewis e moldaram sua visão de mundo e sua perspectiva sobre o sofrimento humano. Após a guerra, ele continuou seus estudos acadêmicos e eventualmente se tornou um autor e acadêmico conhecido por suas obras literárias, filosóficas e teológicas, como as “Crônicas de Nárnia” e seus escritos sobre cristianismo.

Freud gostava de ouvir música?

Ao contrário do que a peça aponta, Sigmund Freud tinha um interesse pela música. Embora ele não tenha sido um músico ou compositor, ele apreciava a música e ocasionalmente discutia o papel dela na psicologia e na vida humana. Em suas cartas e escritos, Freud mencionou o prazer que a música lhe proporcionava e até mesmo comparou a psicanálise à música em alguns aspectos. Além disso, Freud fez conexões entre a música e a mente humana em sua teoria. Ele argumentou que a música tinha a capacidade de evocar emoções e sentimentos profundos, muitas vezes além do alcance das palavras. Ele também explorou os efeitos psicológicos da música e como ela podia influenciar o estado emocional das pessoas.

A filha de Freud era psicanalista como o pai?

Sim, a filha de Sigmund Freud, Anna Freud, também se tornou uma figura proeminente na psicanálise. Ela seguiu os passos de seu pai e se dedicou ao estudo e à prática da psicanálise, tornando-se uma psicanalista renomada por seus próprios méritos. Anna Freud nasceu em 1895 e teve uma relação próxima com seu pai ao longo de sua vida. Ela fez contribuições significativas para a compreensão do desenvolvimento infantil e da psicologia das crianças, sendo uma das pioneiras na aplicação da psicanálise no campo da infância. Ela também fundou a Hampstead Child Therapy Course and Clinic em Londres, onde se dedicou ao tratamento de crianças com problemas emocionais e psicológicos. Enquanto Anna Freud continuou a trabalhar dentro do campo da psicanálise, suas abordagens e ênfases eram distintas das de seu pai. Ela se concentrou principalmente na psicologia infantil e no desenvolvimento da personalidade infantil, criando suas próprias teorias e técnicas terapêuticas.

Freud teve câncer na boca?

Sim, Sigmund Freud foi diagnosticado com câncer na mandíbula. Ele sofreu de um tipo raro de câncer chamado carcinoma epidermoide, que afetou sua mandíbula superior. O câncer foi inicialmente diagnosticado em 1923 e exigiu uma série de cirurgias ao longo dos anos para tentar tratar a doença. Infelizmente, apesar dos tratamentos, o câncer continuou a se espalhar. Em 1939, após a anexação da Áustria pela Alemanha nazista, Freud decidiu deixar Viena e buscar refúgio em Londres, onde ele continuou a receber tratamento para o câncer. No entanto, a doença havia progredido significativamente e ele estava sofrendo muito. Em 23 de setembro de 1939, Sigmund Freud faleceu em Londres devido a complicações relacionadas ao câncer de mandíbula.

Esta matéria foi escrita com o auxílio de inteligência artificial.

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