A justiça decretou a falência da Staroup em 19 de março de 2012, em razão de a mesma não conseguir cumprir seu plano de recuperação, iniciado em 18 de fevereiro de 2009. Dez anos depois, a empresa segue devendo mais de 160 milhões de reais à União, segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Conforme expõe o app Dívida Aberta, a empresa Botucatu Têxtil S.A. soma R$ 162.294.404,30, sendo a empresa que mais deve à União na cidade de Botucatu. A consulta pública lista todos os contribuintes com dívida ativa junto à União e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – débitos parcelados, garantidos ou com exigibilidade suspensa não são apresentados na consulta.
Do valor total, 56,46% é referente a dívidas previdenciárias; 37,60% é referente a demais débitos tributários; e o restante se divide entre FGTS, multas trabalhistas e demais débitos não tributários. Confira o gráfico elaborado pelo Jornal Audácia com os dados completos:
As dívidas provocaram diversas manifestações de ex-funcionários contra a empresa. Em dezembro de 2016, o portal Notícias Botucatu cobriu um protesto com mais de 50 pessoas em frente à antiga sede da empresa, na avenida Dep. Dante Delmanto.
“Hoje foi um protesto para que possamos receber o que nos é de direito. Passaram 6 anos (da decretação de falência) e até agora nada. Ninguém sabe para onde está indo o dinheiro e queremos reverter esta situação”, explicou Adalgisa Ferraz Antero, ex-funcionária e uma das manifestantes, ao referido jornal.
Funcionária da fábrica por sete anos, Adalgisa apontou na reportagem assinada por Flávio Fogueral que não há perspectiva concreta de quando os pagamentos ocorrerão. “A advogada disse que está de mãos amarradas e que não consegue dar andamento. Isso porque já ganhamos (as ações) e nada até agora. O advogado (da massa falida) disse que não tem dinheiro e que se receber, será um milagre”.
Através de contato realizado pelo Jornal Audácia, a ex-funcionária contou que não houve novidades ao longo destes anos. “Estamos na mesma, ninguém fala nada. A advogada (da Staroup) nem nos atende”, disse.
Uma das maiores empresas de confecção do país nas décadas de 1970 e 1980, a Staroup começou a enfrentar a concorrência de outras marcas em meados dos anos 1990, principalmente de roupas chinesas.
Com a crescente dificuldade financeira, a direção da Staroup apresentou, em 2009, um plano de recuperação que consistiu na redução do quadro de funcionários nas unidades de Botucatu e Avaré, aluguel de parte do parque fabril a outras empresas e a venda de equipamentos.
As ações, no entanto, mostraram-se fracassadas: as dívidas cresceram e houve a intervenção judicial até que, em 19 de março de 2012, o então juiz Marcelo Moreira decretou a falência da empresa, que perdura até os dias de hoje.
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