Nesta segunda-feira (22), quase um ano após o caso, a executiva estadual do Cidadania decidiu expulsar o deputado estadual Fernando Cury da sigla. O botucatuense é acusado de apalpar a colega Isa Penna (PSOL) no plenário da Assembleia Legislativa em sessão realizada em 16 de dezembro de 2020.
O diretório do partido acatou a recomendação do Conselho de Ética pela expulsão por 27 votos a 3. O deputado tem o direito de recorrer da decisão apelando ao Diretório Nacional da sigla.
No entanto, a expulsão do partido não implica em nenhum tipo de cassação. Desta forma, seu mandato como deputado não se altera com a decisão e ele pode continuar suas atividades até a conclusão da 19ª legislatura, no final de 2022, a menos em caso de outra decisão diferente da Assembleia Legislativa.
Fernando ainda responde pela acusação de importunação sexual apresentada pelo Ministério Público de São Paulo. Ele já é réu no processo, que aguarda as considerações da defesa.
Segundo Isa Penna, Fernando Cury chegou por trás dela, que estava de costas, e apalpou seus seios durante a 65ª Sessão Plenária Extraordinária da Casa. Câmeras do circuito interno da Alesp registraram o ocorrido e o caso foi denunciado como importunação sexual.
Em outubro, depois de praticamente seis meses de tentativas por parte da Justiça, Cury foi notificado da acusação de importunação sexual contra Penna. Em dezembro, o deputado foi afastado da sigla por 180 dias, mas retomou o mandato há um mês.
A punição de seis meses implicou na paralisação do mandato e do gabinete de Cury, com a consequente posse do suplente, Padre Afonso (PV), que integrava a coligação que o elegeu.
Leia a nota de Isa Penna na íntegra:
Hoje o partido Cidadania não respondeu a mim, não respondeu ao Fernando Cury. Hoje o Cidadania respondeu a todas mulheres que se sentiram assediadas junto comigo quase um ano atrás.
Sou uma deputada e entendo a demora desse resultado. A demora, no entanto, sempre me faz pensar mas nas mulheres que nunca verão seus assediadores sendo punidos – seja porque não há respostas efetivas das instituições. Eu seguirei na luta para não haja espaço para outros Fernando Cury, um exemplo do que não se deve fazer nem com as câmeras televisionando tudo, nem nos corredores de ônibus, nos becos, vielas, nos espaços de trabalho e nos lares do Brasil.
Sigo com força porque a vitória de hoje é democrática e também uma vitória feminista! Afinal, um homem eleito deve (ou deveria) entender que assédio é assédio. Estamos há um ano das eleições no país, que isso também reflita nos candidatos, em quem os partidos irão apoiar e principalmente que tenha igualdade de gênero nas casas legislativas do país todo. Que o Fernando Cury entenda que ele não responde mais a mim e sim à sociedade e ao ministério público.
Leia a nota de Fernando Cury na íntegra:
Em relação à reunião marcada pelo Cidadania hoje para oficializar meu processo de desligamento do partido, venho por esta nota afirmar que, no meu entendimento, esse processo está, mais uma vez, atropelando o devido processo legal para criar um fato político. Não há o intuito de se fazer justiça pois, caso fosse essa a intenção, aguardariam o término dos prazos dos recursos na ação judicial para dar andamento a este processo.
Temos uma apelação para ser julgada e também um agravo de instrumento para ser apreciado. O Cidadania apresentou as contra razões da minha apelação, mas querem fazer uma manobra criando um fato político para me expulsar antecipadamente, antes do julgamento desta. Caso o TJDF entenda que a competência é do Conselho de Ética Estadual, e não Nacional do Cidadania, minha expulsão será cancelada.
Outro fato importante é que o Sr. Roberto Freire, presidente do Partido, estaria impedido por já ter pré-julgado o caso. Reforço que o partido busca apenas um fato político, pois a justiça ainda nem declarou minha sentença.
Ajudei o Cidadania, na ampliação e representação no interior de São Paulo, o partido cresceu e hoje tem relevância no cenário político estadual e não somente na capital e grande SP. Espero, por respeito, que ao menos seja julgada minha apelação e também o agravo de instrumento antes que esse jogo de cartas marcadas vire um fato político.
Reforço que o processo de desligamento é antidemocrático. Acredito na justiça e, assim que o TJDF reverter a decisão do partido, buscarei minha reparação.
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