por Mateus Conte
A formanda em História Michele Carolina de Oliveira defendeu, nesta terça-feira (8), seu trabalho de conclusão de curso baseado em uma história muito falada, mas pouco conhecida da história de Botucatu: a vida e o trágico fim de Anna Rosa.
Sob o tema “Anna Rosa – um crime transformado em santidade: feminicídio, impunidade, fé e machismo”, o artigo defendido na Unisagrado de Bauru busca “retratar e problematizar a história de Anna Rosa e mostrar como um feminicídio se tornou lenda e santificação popular na cidade de Botucatu”, conforme aponta o texto.
Nascida em Bofete, mas sempre em visita a Botucatu, a recém-historiadora buscava algum tema próximo à região para abordar. ”A história da Anna Rosa sempre esteve muito presente quando conversava sobre as lendas dessa região, e quando pesquisei mais sobre, senti que precisava falar sobre aquilo, para conseguir mostrar e divulgar uma história que é tão importante para Botucatu, e também para outras pessoas de outras regiões e cidades”, diz a universitária.
Para a monografia, foi utilizado o livro “Anna Rosa, Sua Vida, Sua História”, produzido pelo historiador Moacir Bernardo em parceria com o Centro Cultural de Botucatu. Para complementar, também foi usado o documentário “Anna Rosa” produzido por Davitson Franque, baseado no livro de Moacir.
Epílogo
A história de Anna Rosa não é tão conhecida quanto imaginamos. “Quando fiz a pesquisa, perguntei pra algumas pessoas da cidade o que elas sabiam da história e acabei me surpreendendo quando muitos me disseram só saberem que ela é considerada milagreira na cidade e, no máximo, que tinha sido assassinada, mas nenhum sabia a real história de como e porque isso aconteceu. Foi uma das coisas que me motivou a escrever: poder contar a verdadeira história de uma pessoa considerada santa e com tantos devotos que, muitas vezes, não conhecem a história da própria santa em que acreditam e depositam suas preces”, diz Michele.
Aos 17 anos, Anna Rosa era uma moradora de Botucatu, bonita, de pele morena, olhos e cabelos negros. Vivia em um sítio distante da cidade com seus pais. Levava uma vida simples, numa cidade pequena, marcada por seus campos verdes e florestas fechadas.
Conheceu o carreiro Francisco de Carvalho Bastos, de apelido Chicuta, em uma das viagens de passagem do moço pela cidade. Na região, Chicuta era conhecido como um homem sério, carrancudo e tido como um homem sem compaixão. As citações a seguir são todas retiradas do livro de Moacir Bernardo.
“Contam que, um dia, precisando ir à cidade fazer compras, montando uma mula, ela, ao chegar em um trecho da estrada, empacou. Chicuta tangeu-lhe as esporas e a mula soltou uns pares de coices, ficando no mesmo lugar. […] Dominado por cólera tremenda […], desceu do animal, tirou da cintura formidável faca pontiaguda e fina, e, num assomo de arrebatamento de cólera, levantou a mão direita onde segurava a faca, enfiando-a na barriga do animal, que, num urro de dor e de morte, caiu no chão, arquejando sem vida”
Aos olhos de Anna Rosa, Chicuta era um homem doce, gentil e educado, que a tratava da melhor forma e agradava a seus pais, levava presentes e era carinhoso. Assim, iniciou-se o namoro e noivado de Anna e Chicuta. Casaram-se após alguns meses, em Rio Novo, atual Avaré.
Porém, rapidamente Chicuta mostrou-se ciumento: ao sair para suas viagens a trabalho, somente pensava em sua bela esposa sozinha e sendo paquerada por outros homens, o que o fazia até mesmo cancelar compromissos para ficar ao lado de Anna Rosa, a fim de protegê-la.
Com o passar do tempo, o amoroso e cuidadoso esposo tornou-se violento e agressivo. Por diversas vezes trancava Anna Rosa dentro de casa e somente a destrancava ao retornar de suas viagens, e a agredia moral e fisicamente, insinuando que após suas saídas a trabalho, a moça o traía com algum homem qualquer que passasse pela fazenda. Anna Rosa sofria calada, dia após dia, sob agressões de seu marido.
“Meu Deus, não aguento mais essa situação, são quase três anos de martírio, minha vida tem que mudar, ajude-me Senhor, a trazer paz no meu casamento e compreensão ao meu Marido.” – Assim Anna Rosa orava e pedia a Deus, todas as noites.
Um dia, cansou-se de ser maltratada por motivos inventados pelo cônjuge e decidiu pôr fim a sua aflição. Fez um acordo com o caseiro de seu sítio, Honorato, para ajudá-la, e escolheu fugir para Botucatu, sua terra natal. Selaram os cavalos, e aguardaram a saída de Chicuta para mais uma viagem. Ao entardecer, pegaram a estrada de terra batida.
Diz Michele: “Naquela época, década de 1880, eram extremamente raros os casos de mulheres que abandonavam seus maridos, por qualquer motivo que seja. Eram comuns os casamentos arranjados, onde os pais obrigam a filha a casar muito jovem, e muito mal visto uma mulher ser “desquitada”. O caso de Anna Rosa foi surpreendente por conta disso: uma mulher jovem, em torno de 20 anos, ter coragem de fugir das agressões do marido e de bater de frente com ele, decidindo não voltar pra casa quando ele tentou obrigá-la, mostrou quanta força ela teve pra tentar ter uma vida digna longe de um homem que dizia amá-la, mas somente a agredia.”
Chegaram ao destino logo de manhã. Triste e cansada, Anna Rosa lembrou-se de ter uma tia em Botucatu, dona Louzada, mas já não sabia onde procurá-la, não tinha endereços ou referências. Percorreu quase toda a Rua Riachuelo – atual Amando de Barros – até avistar uma casa iluminada e decidir parar e pedir pousada. Fora atendida por Fortunata Jesuína de Mello, que prontamente se comprometeu a ajudá-la.
“- Que deseja moça? Inquiriu ela, contemplando seu aspecto doloroso. -Vim pedir-lhe pousada, estou a morrer de cansaço, pois tirei longa caminhada a noite toda. Estou fugindo de meu marido que me judiava. Estou sem destino. Este outro que está comigo, só me acompanhou até aqui, pois precisa voltar, pois corre risco de vida, se meu marido descobrir que me ajudou a fugir.
O caseiro, que havia a acompanhado, foi-se embora de volta a fazenda assim que Anna Rosa conseguiu abrigo na casa de Fortunata que, por sua vez, conhecia dona Louzada, e tratou de colocá-las em contato. Chicuta, ao retornar de sua viagem e não encontrar Anna Rosa em sua casa, a procurou em toda a fazenda, chegando ao estábulo, viu que faltava uma mula, nesse momento, teve certeza de que sua mulher o abandonara e fugira com outro, ficando cada vez com mais raiva.
“-Fugiu montada. Mulher desgraçada. Arrancarei teu coração com a ponta da minha faca quando te encontrar. Mas pra onde foi aquela miserável?”
Um filho de escravo disse-lhe que havia visto o caseiro selando duas mulas e ajudando Anna Rosa a fugir mata adentro. Chicuta, cada vez mais nervoso, chamou o caseiro para um serviço no campo. Chegando lá, ameaçou-o com uma faca em seu pescoço, obrigando-o a contar onde Anna estava. Ao ouvir que sua mulher se encontrava em Botucatu, Chicuta cortou o pescoço de Honorato – quase decapitando o homem com sua brutalidade – enterrou-o ali mesmo e veio a Botucatu à procura de Anna Rosa.
Chegando ao destino, descobriu que Anna Rosa estava abrigada na casa de Fortunata, que era conhecida na cidade. Um homem indicou-lhe a casa, e Chicuta, munido de todo seu rancor, foi até lá. Omitiu sua identidade ao encontrar com a dona da casa, dizendo-lhe que deveria entregar uma carta importantíssima e pessoalmente para Anna. Assim que Anna Rosa avistou seu marido, inerte, tomou coragem, e disse-lhe que jamais voltaria, preferia até morrer.
“-Já fui (tua) mulher e nunca mais serei. Sofri bastante em tuas mãos. Estamos nos separando para sempre, até a morte. Procure a sua vida e eu procurarei meu destino. […] Desejo antes ser morta, do que voltar para sua companhia”
Ao ouvir as palavras de Anna Rosa, Chicuta tentou agredi-la e levá-la a força, foi impedido por Fortunata e por Louzada, mas antes de se retirar, prometeu vingar-se cruelmente de sua esposa.
Primeiro ato: o crime
Túmulo onde está enterrada Anna Rosa (Imagem: Acontece Botucatu/Reprodução)
Anna Rosa, já na casa dos 20 anos, pousada na casa de Fortunata, recebeu um convite de José Antônio da Silva Costa (Costinha) para ir embora dali. Seria acolhida por tropeiros e levada ao Paraná para viver uma vida distante de abusos, acreditando que estava deixando tudo para trás.
“Moça, um tropeiro que se acha pousado no (rio) Lavapés, e que vai seguir com a caravana de madrugada para o Paraná, me mandou aqui no sentido de convidar a senhora pra se unir na caravana, […] para levar você com segurança até aquelas terras, pois sabemos que corre risco se permanecer por aqui. Amanhã, muito cedo, a caravana parte. Tem condução à sua espera.” , disse Costinha a Anna Rosa”
O convite fazia parte do plano de Chicuta para enganá-la e atacá-la; Costinha e Hermenegildo Vieira do Prado eram dois assassinos de aluguel. Os dois homens eram bastante conhecidos na região por serem cruéis e impiedosos. O marido sabia que a moça se encontrava completamente fragilizada e se agarraria em qualquer pingo de esperança por uma vida diferente.
Anna Rosa, otimista, aceitou o convite e preparou-se para ir embora com os tropeiros, já que esta era a oportunidade ideal para tocar sua vida, distante de seu marido e de suas ameaças constantes. A 21 de junho de 1885, Costinha foi buscá-la. Anna despediu-se de Fortunata e de sua tia Louzada, com um misto de emoção e alegria, e montou na garupa do cavalo de Costinha até chegar ao Lavapés.
“Tia Louzada viu do portal da casa quando Anna Rosa sumiu, agarrada a costinha na garupa do animal. […] -Esse homem que levou minha sobrinha não é de confiança…, mas tudo vai sair bem. Que Deus proteja minha sobrinha nessa sua viagem! Ficou então pensativa”
Costinha desceu pelo riacho com Anna Rosa, e ao chegarem próximos à mata do Rio Lavapés, Hermenegildo e Chicuta saíram de seu esconderijo e, como combinado, interromperam seu caminho.
Anna Rosa foi puxada de cima do cavalo por seu marido e os outros homens, e mesmo tentando, era impossível fugir. Completamente apavorada, rezava implorando por sua vida. Os homens a arrastaram até um descampado e a deixaram nua; Chicuta a olhava e dizia que iria cumprir a vingança cruel que havia prometido.
Costinha e Hermenegildo a seguravam pelo pescoço quando Chicuta arrancou-lhe um pedaço da bochecha direita, ria e se divertia ao sentir parte do rosto de Anna em suas mãos ensanguentadas. Tomados pelo ódio, os três homens cortaram, aos poucos, todo seu corpo: orelhas, lábios, nariz, dedos, seios, até pernas e órgãos internos, enquanto riam e se divertiam com os gritos de agonia e dor de Anna Rosa.
Ainda insatisfeito, Chicuta cortou o pescoço de Anna enquanto Hermenegildo e Costinha esfaqueavam todo o corpo da moça, e, ao final, deixaram uma faca fincada até o cabo em seu coração.
“Costinha, Hermenegildo e Chicuta, já satisfeitos dos intuitos criminosos, vendo os planos consumados, arrastaram o corpo informe da desditosa mulher, encostando-o de braços abertos num espinheiro. Depois, limparam as mãos e, sossegadamente, começaram a fumar, sacudindo as cinzas das pontas do cigarro no corpo ensanguentado e partiram”
Na manhã seguinte, um senhor estava passando pelo local atrás de seus animais, quando a mula em que estava montado viu algo e resistiu em se mexer. Estranhando a atitude do bicho, o homem desceu do animal e adentrou a mata para averiguar, chegando perto do local, viu pedaços de roupas, sapatos e carne ensanguentados, logo avistando o corpo retalhado, com olhos, língua, orelhas e nariz faltando, jogado em meio ao matagal. Assustado e amedrontado, foi direto à vila para avisar a polícia.
A notícia espalhou-se rápido pela cidade, mais ainda quando o corpo chegara coberto por um pano cheio de sangue e a população esperava curiosa e indignada para vê-lo.
Segundo ato: a impunidade
A investigação do caso envolveu toda a polícia da região. Foram ouvidas muitas testemunhas que conviveram com Anna Rosa os últimos momentos antes do crime e quem encontrou seu corpo. Costinha foi julgado e absolvido, alegando não ter nenhum envolvimento com o assassinato. Chicuta fugiu para Rio Novo, atual Avaré – pois era muito influente na cidade, embora isso não tenha sido suficiente para evitar sua prisão – e recorreu à desculpa de que fora desonrado em seu casamento e, assim, foi absolvido. O único que permaneceu preso foi Hermenegildo. Porém, os envolvidos no crime tiveram um fim trágico assim como sua vítima.
Hermenegildo contraiu uma varíola fatal dentro do presídio; Costinha foi atingido por uma árvore que caiu em cima do homem, esmagando toda a parte superior do seu corpo; Chicuta, em uma de suas viagens para Rio Novo (Avaré), teve o carro de boi emperrado, e mesmo forçando os animais a andarem, eles continuavam parados. Decidiu então deitar-se debaixo do carro para conferir se havia algum problema, foi quando as rodas desemperraram, cortando-o ao meio.
“A roda cortou o peito e a barriga de Chicuta. As tripas e o coração rolaram pela areia, tingindo tudo de vermelho. Assim morreu Francisco de Carvalho Bastos, vulgo Chicuta, marido e uxoricida de Anna Rosa”
Terceiro ato: a fé
Capela da Santa Cruz de Anna Rosa (Imagem: Solutudo/Reprodução)
Segundo a lenda, quando houve o cortejo até o local do enterro, a pequena multidão que o acompanhava sentia um cheiro de rosas exalando do corpo de Anna Rosa. Mesmo depois de enterrado, no extinto Cemitério Católico, ainda podiam sentir esse doce aroma, e este é tido como o primeiro milagre da moça.
Muitos católicos na cidade rezavam para que a alma de Anna fosse recebida com clamor no céu, pois era uma moça jovem e pura. Logo, os fiéis começaram a fazer suas preces para que Anna Rosa intercedesse por suas vidas, e assim, começaram a atribuir diversos outros milagres à moça, como cura de doenças e graças alcançadas.
Anna Rosa não é oficialmente reconhecida como santa pelo catolicismo. Porém, sua capela, construída ao lado do local em que foi assassinada – marcado por uma cruz – e seu jazigo no Cemitério Portal das Cruzes, construído após o corpo ser exumado intacto como se nunca houvesse sido maltratado ou agredido, recebem milhares de visitantes anualmente, de muitos lugares do Brasil. Muitos deles são fiéis que vieram para agradecê-la por algum milagre, com flores e homenagens, acendendo velas e orando.
“Muitas pessoas dão testemunho de que sofriam de terríveis dores de cabeça e que na medicina não encontravam a cura. Recorriam então a Anna Rosa. Dormiam com uma fita de pano envolta na cabeça; depois, no dia seguinte, amarraram essa fita em um dos braços da cruz e, inexplicavelmente, ficaram curados. Outras dão testemunho de que Anna Rosa apareceu-lhes em sonho, onde lhes dava toda a coordenação para cura dos males que as afligiam, e também a parentes e amigos”
Anna Rosa foi muito homenageada regionalmente e teve sua história contada com músicas gravadas por diversas duplas sertanejas como Carreiro e Carreirinho, cantores da região de Bofete, Tião Carreiro e Pardinho, da cidade de Pardinho, ambas cidades vizinhas a Botucatu. Além de festas e doações para a construção de sua capela, que em 2002 foi declarada bem Especial de Interesse Histórico e Cultural.
Anna Rosa, além de ser a persona principal dessa história, também se torna exemplo para entendermos como crimes contra mulheres, sejam eles quais forem, são banalizados e esquecidos. Quando cometidos, geram uma indignação coletiva; porém, em pouco tempo se torna apenas uma vaga lembrança, dando espaço a uma história romantizada e, nesse caso, uma linda história de fé.
Perguntada sobre isso, Michele é enfática: “creio que esta aura romântica veio aos poucos. O caso ocorreu há mais de 130 anos, e sendo uma história passada oralmente, na maioria das vezes os fatos começam a ser encobertos e até chegar a nós: o que realmente ocorreu fica esquecido, e o que se conta é essa história leve que se popularizou. Feminicídio é algo novo, que virou um crime específico em 2015; quando o caso aconteceu, Anna foi só uma mulher assassinada que virou santa, como uma mártir, que sofreu e foi santificada. O que realmente aconteceu não era tão importante, tanto que seus assassinos saíram impunes, seguindo suas vidas normalmente”.
Prólogo
Entre os anos de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram no Brasil mais de 50 mil feminicídios, o que equivale a, aproximadamente, 5.000 mortes por ano. Acredita-se que grande parte destes óbitos foram decorrentes de violência doméstica, visto que aproximadamente um terço deles tiveram o domicílio como local de ocorrência.
Porém, infelizmente, a violência contra a mulher não é algo recente. O feminicídio de Anna Rosa, ocorrido há 135 anos, muito se assemelha com casos recentes ocorridos em Botucatu, no Brasil e no mundo. “Vejo que existem muitos casos parecidos com o de Anna Rosa hoje em dia. No artigo, citei a história de Maria da Penha, que sofreu muitas agressões e tentativas de assassinato do seu companheiro, e que por pouco não teve o mesmo fim de Anna. Se dermos uma olhada nas notícias, quase todos os dias, temos visto muitas ‘Annas’ por aí”, diz a estudante.
Você pode conferir o artigo completo por meio deste link.
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Imagem de capa: Notícias Botucatu/Adaptada
Excelente reportagem. Então realmente existe o livro? Onde encontro?
O MACHISMO CONTINUA ATE
PARA MUITOS HOMENS A MULHER CONTINUA SENDO OBJETO DE USO TIPO BRINQUEDO OU BIBELÔ
PARA MUITOS HOMENS A MULHER NÃO É SER HUMANO É UM OBJETO QUE PODE USAR OU NÃO USAR OU PODE USAR A HORA QUE QUISER.
QUERO LER O LIVRO COMO FAÇO?