(Foto: Reprodução/OSC Renascer)

“8M – o Oito de Março na história da luta das mulheres”, por Isabel Conte

Dia Internacional da Mulher é uma data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, também simboliza a luta das mulheres contra o machismo e a violência.

O Dia Internacional da Mulher existe, enquanto data comemorativa, como resultado da luta das mulheres por meio de manifestações, greves, comitês, etc. Essa mobilização política, ao longo do século XX, deu importância para o 8 de março como um momento de reflexão e de luta. A construção dessa data está relacionada a uma sucessão de acontecimentos.

Uma primeira história que ficou muito conhecida narra que, em 8 de março de 1857, 129 operárias morreram carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York. Supostamente, esse incêndio teria sido causado pelo proprietário da fábrica, como forma de repressão extrema às greves e levantes das operárias, e por isso as teria trancado na fábrica e ateado fogo. Essa história, contudo, é falsa e, por isso, o 8 de março não está ligado a ela.

Existe, no entanto, outra história que remonta um incêndio que de fato aconteceu em Nova York, no dia 25 de março de 1911. Esse incêndio aconteceu na Triangle Shirtwaist Company e vitimou 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria dos mortos judeus. Essa história é considerada um dos marcos para o estabelecimento do Dia das Mulheres.

As causas desse incêndio foram as péssimas instalações elétricas associadas à composição do solo e às repartições da fábrica e, também, à grande quantidade de tecido presente no recinto, o que serviu de combustível para o fogo. Além disso, alguns proprietários de fábricas da época, incluindo o da Triangle, trancavam seus funcionários na fábrica durante o expediente como forma de conter motins e greves. No momento em que a Triangle pegou fogo, as portas estavam trancadas.

Temos o que comemorar?

No ranking internacional de participação de mulheres na política, formada por 192 países, o Brasil ocupa a 142ª posição. Na pandemia, uma em cada quatro brasileiras sofreu algum tipo de violência. Segundo dados do IBGE, em 2019, elas dedicaram 8 horas a mais do que eles nos afazeres da casa, mesmo empregadas. Em 2015, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontava que a cada 11 minutos uma mulher era estuprada no país. Cinco anos depois, o número diminuiu – não o de violentadas, mas de tempo entre cada estupro: agora são apenas oito minutos.

Os dados não mentem: são resultados de uma sociedade que não se atenta à vida das mulheres. Sem espaço na política para falar sobre suas necessidades, sem acesso a direitos reprodutivos e autonomia para tomar decisões sobre o próprio corpo, e sem políticas públicas que as protejam de violências cometidas dentro de casa pelos seus cônjuges, tios, pais ou irmãos –resta a elas lutar para conquistarem o que é delas por direito.

No entanto, temos algo a  comemorar. A Lei Maria da Penha é uma importante ferramenta que, se bem utilizada, ajuda muito a combater a Violência Doméstica. Precisamos que as autoridades competentes cumpram a lei na sua plenitude, implantando programas e políticas públicas para atuar a prevenção da violência de gênero, o que passa necessariamente pela  educação.

Não somos todas iguais, porém somos todas mulheres, responsáveis pela geração da vida. Parabéns pelo seu dia!

Apoie a mídia independente de Botucatu. Apoie o Jornal Audácia através da nossa campanha de financiamento coletivo no Catarse.

One Reply to ““8M – o Oito de Março na história da luta das mulheres”, por Isabel Conte”

  1. As portas da Triangle estavam trancadas na hora do incêndio porque era prática na época trancar as portas no início do expediente é só abri-las ao fim do expediente, para coibir os atrasos, e evitar saídas antes do final do expediente.
    As características do trabalho de costura são de trabalho em esquines, e muito sensíveis a faltas, atrasos e saídas antecipadas , pois se trata de um trabalho em grupo, onde cada membro da equipe é especializado numa operação, e um depende do outro (até hoje). A ausência de UM membro da equipe no seu posto de trabalho paralisa o trabalho de todos os demais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *